Se muita gente desaprendeu a viver em vista da manifestação da covid ou por culpa do confina- mento, obrigatório, mas necessário, quase todos descobriram que viver é uma arte. Eu sei que o domí- nio da teoria e prática é um processo de aprendizagem porque, dever e responsabilidade são coisas diferentes.
Temos nossas escolhas onde certas orientações são dominantes e outras secundárias. E entre as dominan- tes está a obrigatoriedade de afastar de nós o vírus que reduz nossa estruturação na vida social bem como na individual.
Nesta hora, somos todos um, mas cada um com sua entidade única. A covid nos ensinou uma obediência glorificada: de perda e esperança.
E, é nesta balbúrdia física e mental que se encon- tram museus do mundo inteiro coletando objetos para registrar para o futuro o que enfrentamos na atuali- dade. Coletam memórias contemporâneas. Rastros do coronavírus para a posteridade. É nesses museus que o vírus virou artefatos caracterizados em bola de crochê, lista de compras em supermercados, enfim, uma enorme quantidade de objetos que integram nosso cotidiano, amplamente documentados, talvez como nenhum outro o foi. E junto a esses fatídicos componentes, exposta também a leveza das obras dos grandes mestres.
Sem dúvida, os museus expõem um legado sombrio para as futuras gerações. Mas como já disse alguém “para contar uma história, tem que viver”.
Que essas bolas de crochê em forma de vírus expostas nos mais famosos museus do mundo nos ensinem a temer sim, mas conser- var a esperança de que nem tudo está perdido e que ainda teremos estrelas para olhar.
Lia Colossi
Escritora e Bel. em direito