Da minha janela vislumbro com nitidez o Cristo, construído aqui em Encantado, no Morro das Antenas, na Lagoa Garibaldi.
Entendo em que em seu significado, o mesmo, com seus braços abertos, abraça todos os credos.
Assim, messa ausência de toques a que estamos submetidos por conta da Covid, a vida segue se cumprindo e o tempo seguindo seu curso ao som de uma aflita e deprimida não presença.
Com as complexidades cada vez maiores de vida e com a sensação maior de impotência ante o isolamento social, a decisão ou devoção religiosa é uma rendição cega à vontade que vem do alto. A seleção de fatos é que nos faz subentender a avaliação de cada escolha. E eu creio que o próprio fato de nos obrigar a decidir na escolha de certas certas seitas, nos afeta sobremaneira.
E, por essa decisão, cada um se compromete a seguir determinado rumo religioso que determina nossa convicção, numa esperança intrínseca em nossa estrutura presente e futura de vida.
Se a fé é uma persuasão íntima sobre o que ainda não foi provado, invadindo nosso âmago, por certo evidencia a certeza da possibilidade.
O Cristo, sem dúvida, representa uma linguagem profética, que é sempre uma linguagem de alternativas para todas as religiões, não importando seus rituais diversos e posicionamentos divergentes. Seus braços abertos nos aconchega em sentimento de força, alegria e esperança inconfundíveis.
Da minha janela eu vejo, no alto do morro, um Cristo impoluto e imponente, num conjunto de exploração de fé que se combinam de tal forma que seus efeitos tendem para um só ponto central: a certeza do melhor. Porque, crer é ter por certo algo que almejamos, desejamos, ambicionamos, ansiamos e aspiramos, na certeza que vamos superar o impossível e rezar para não ser a sobremesa no almoço do vírus a que nos submeteram.
Mas, como diz Pabllo Neruda, “Há que sentar-se na beira da sombra e pescar luz caída com paciência”.